sexta-feira, 5 de novembro de 2010

10 coisas que um Gerente de Banco nunca vai lhe falar!

1. "O QUE EU OFEREÇO É SEMPRE BOM PARA O BANCO, MAS NÃO PARA VOCÊ"

Quem pensar no gerente do banco como um consultor financeiro pessoal corre o risco de acabar fazendo péssimos negócios. Quase todas as recomendações dos gerentes atendem aos interesses do banco, não aos do cliente. Não é desonestidade pessoal, mas o resultado da forma como os bancos trabalham.

O gerente é um vendedor que tem metas a cumprir para os principais produtos: cheque especial, títulos de capitalização, seguros, poupança , e seu emprego depende de atingir essas metas todos os meses. Obviamente, as metas são estabelecidas de modo que os produtos mais oferecidos sejam aqueles que fazem o banco lucrar mais e, portanto, custam mais para o cliente.

O resultado é que, em um determinado mês, o gerente vai jurar para você que os títulos de capitalização serão o melhor negócio do mundo. No mês seguinte, será a vez da poupança e, depois disso, virão os seguros.

"Por mais persuasivos que sejam os argumentos, não compre o que o seu gerente quer vender, a menos que o produto seja adequado a seu perfil de investidor."

2. "VOU COBRAR DIVERSAS TARIFAS SEM AVISAR"

Muitas vezes os bancos escondem tarifas em seus serviços, que somente serão notadas bem mais tarde, quando chegar a conta. O analista de sistemas Delman Ferreira, de Brasília, imaginava que financiar a compra de seu Polo zero quilômetro em um banco seria melhor do que parcelar na concessionária. As taxas costumam ser menores, e é possível pensava Ferreira evitar gastos como a taxa de abertura de crédito (TAC) cobrada pela financeira da concessionária, normalmente muito superior àquela dos bancos. Por isso, em fevereiro de 2010, Ferreira parcelou a compra em 60 prestações de R$ 943,00. Para pagar a primeira parcela, o analista de sistemas abriu uma conta no banco e depositou R$ 1000,00.
Ao consultar a instituição, dias depois, o analista teve a desagradável surpresa de ver um saldo negativo de quase R$ 300,00. O banco cobrou para manter o limite do cheque especial e a conta aberta. A emissão de extratos também foi cobrada.

3. "O JURO DOBRA SE VOCÊ ESTOURAR O CHEQUE ESPECIAL"

O cheque especial está entre os seis produtos mais rentáveis de qualquer banco. Não é para menos. Em junho de 2010, segundo o Banco Central (BC), os juros cobrados eram de 7,8% ao mês ou mais de 145% ao ano. É uma taxa altíssima. O que poucos clientes sabem é que a conta fica se é que isso é possível ainda mais salgada se os gastos ultrapassarem o limite estipulado pelo banco. Nesse caso, o cliente entra numa linha de crédito específica chamada Adiantamento a Depositante, que tem uma taxa de juro de cerca de 15% ao mês, o que representa estratosféricos 435% ao ano. O cliente também paga uma tarifa média de R$ 20,00 para cada cheque emitido nessas circunstâncias. O peso disso em qualquer empréstimo pode ser demonstrado por um cálculo simples. Imagine um cliente com limite de cheque especial de R$ 1000,00 e que custa 7,8% ao mês. Se, por um descuido, ele passar a dever R$ 1500,00 no cheque especial, terá de pagar por mês R$ 78,00 sobre o limite, R$ 75,00 sobre o excesso de limite e mais R$ 20,00 referentes à tarifa. Se cair mais um cheque, além dos juros, o banco vai cobrar novamente a tarifa de R$ 20,00. São taxas elevadíssimas, mas sua aplicação pelos bancos é perfeitamente legal. Por isso, a recomendação é evitar ao máximo usar o cheque especial e nunca, nunca superar o limite.

4. "SACAR DINHEIRO COM O CARTÃO DE CRÉDITO É CARO"

O cartão de crédito funciona como meio de pagamentos e como forma de o banco emprestar dinheiro automaticamente para o cliente. Por isso, quase todo cartão de crédito permite ao usuário sacar dinheiro em caixas automáticos. Pouca gente sabe. porém, que os encargos que incidem sobre essa operação são salgados. O saque é um empréstimo no cartão, e as taxas médias são de 9% ao mês. Além disso, o usuário paga de R$ 1,95 a R$ 8,00 por saque. O cliente que fizer três saques de R$ 10,00 vai levar R$ 30,00 em dinheiro e terá de pagar R$ 24,00 em juros e tarifas, 80% do total sacado. Esses detalhes constam do contrato do cartão de crédito, mas poucas pessoas se preocupam em lê-lo.

5. "NÃO CONHEÇO BEM OS PRODUTOS DO BANCO"

Em fevereiro de 2010, o engenheiro mecânico paulista e Ph.D. em finanças Marcos Crivelaro decidiu investir R$ 10.000,00 reais em um dos fundos do banco onde tinha conta. Saiu da agência de mãos abanando. Ele havia escolhido um fundo, mas seu gerente não conhecia o produto e, portanto, ignorava que só esta aberto para captação em quatro dias no ano, das 10 às 15 horas. "Até pouco tempo atrás, o fundo não constava nem da tabela de rentabilidade que o banco envia aos clientes", diz Crivelaro.

6. "OS JUROS DO CRÉDITO IMOBILIÁRIO SÃO O DOBRO DO QUE PARECEM"

Comprar um imóvel com financiamento do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) parece ser um ótimo negócio. Os juros variam de 6% a 12% ao ano, mais a variação da Taxa Referencial (TR), que costuma ser menor que 3% ao ano. Aparentemente, são taxas muito mais amigáveis do que a média das cobradas pelos bancos. Na prática, porém, outros custos farão o mutuário pagar quase o dobro de juros. Além dos juros, os bancos costumam cobrar uma taxa de administração do contrato que varia de R$ 12,00 a R$ 80,00. Além disso, o mutuário geralmente tem de pagar dois seguros, um por morte ou invalidez permanente e outro por danos físicos ao imóvel. Juntos, eles representam cerca de 9% do valor da prestação, segundo cálculos do professor Rafael Paschoarelli , doutor em finanças pela Universidade de São Paulo e autor do livro A Regra do Jogo (Editora Saraiva, 180 págs.).

Há mais duas taxas no financiamento: a de vistoria do imóvel e a de verificação da documentação. Além disso, o mutuário deve pagar o imposto de transmissão de bens intervivos (ITBI) equivalente a 2% do valor do imóvel, para que o dinheiro do financiamento seja liberado.

Para ter idéia do peso desses adicionais, Paschoarelli simulou um empréstimo de R$ 150.000,00 com taxa de 12% ao ano mais TR. "O comprador paga cerca de r$ 15.000,00 a mais nesses penduricalhos, além dos juros", diz ele. Sua recomendação é fazer as contas com cuidado.

7. "PAGAR DÍVIDAS ANTES DO PRAZO CUSTA DINHEIRO"

O cliente endividado que resolver quitar seu débito com o banco fará um mau negócio. Nesse caso, o banco deverá cobrar uma Tarifa de Antecipação de Crédito, que, na média, é igual a 10% do valor a ser quitado. "Para o banco, não é interessante que você pague a dívida antecipadamente porque, nesse caso, ele não vai receber os juros das parcelas restantes", diz Ricardo Almeida, professor do Ibmec São Paulo. "Se o cliente antecipar o pagamento, o contrato tem de ser revisto, o que gera custo para o banco." Segundo ele, o cliente tem direito de obter desconto na taxa de juro, mas dificilmente deixará de pagar a Tarifa de Antecipação de Crédito.

8. "MEUS FUNDOS DE VAREJO CONSERVADORES RENDEM POUCO"

Quando oferecem um fundo de investimento conservador a seus clientes, muitos gerentes comparam a rentabilidade do fundo com a da caderneta de poupança. "Como a poupança rende muito pouco, um fundo ruim parece ser um excelente investimento quando comparado a ela", diz William Eid Júnior, diretor do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getulio Vargas de São Paulo, que realizou a avaliação dos fundos no Guia EXAME de Investimentos Pessoais.

Para evitar ser enganado por essa distorção, o cliente deve tomar um cuidado específico na hora de investir. Nesse momento, a rentabilidade dos fundos DI ou de renda fixa os mais conservadores do mercado deve ser comparada à variação das taxas do Certificado de Depósito Interbancário (CDI), que balizam as operações realizadas entre bancos. Outro cuidado é prestar atenção na taxa de administração, que é a remuneração cobrada pelo gestor do fundo para administrar o dinheiro. Essa taxa é um percentual do total investido, e será cobrada todos os dias, independentemente do desempenho do fundo. Vale aqui uma velha regra do sistema bancário: quem tem menos dinheiro paga mais caro. Fundos de investimento mais populares, aqueles com depósito inicial mínimo de até R$ 1000,00, costumam cobrar as taxas de administração mais altas, que podem chegar a 5% ao ano. Nesses casos, sempre vale a pena perguntar ao gerente qual é a taxa de juro paga para aplicações em renda fixa, como os Certificados de Depósito Bancário (CDB), e compará-la com o desempenho do fundo.

9. "A PREVIDÊNCIA PRIVADA CUSTA MAIS DO QUE VOCÊ IMAGINA"

Responda rapidamente: qual é a taxa de administração de seu plano de previdência privada? E a taxa de carregamento? Não se sinta mal por não saber o que esses nomes significam. Milhares de investidores ignoram que os bancos cobram um percentual do patrimônio para gerir o dinheiro (a taxa de administração) e um "pedágio" sobre cada nova aplicação, para cobrir os custos operacionais (a taxa de carregamento). A taxa de administração oscila entre 1% e 4% do total investido, sendo que a média é de 2,3% ao ano. A taxa de carregamento pode variar de 0,5% a 10% de cada aplicação. Sua média, atualmente, é de 3,3%. Os planos de previdência também podem cobrar uma taxa de saída, que incide sobre os valores resgatados e, na maioria das vezes, é de 0,38% sobre o montante resgatado. "Juntas, essas três taxas, mais o imposto de renda sobre os rendimentos ou sobre o total resgatado que podem corroer a rentabilidade do plano", diz Marcelo D'Agosto, consultor da Investmate, consultoria especializada em finanças pessoais, de São Paulo. Como a previdência privada é uma aplicação de longo prazo por excelência, vale muito a pena procurar as menores taxas: a diferença é brutal depois de 15 ou 20 anos.

Por exemplo, o investidor que tiver R$ 1.000.000,00 aplicados vai pagar aproximadamente R$ 10.000,00 por ano a mais a cada ponto percentual suplementar de taxas cobrado pelo banco.

10. "CAPITALIZAÇÃO É UM PÉSSIMO NEGÓCIO"

Um cliente que precise elevar seu limite de cheque especial pode ser "convidado" a comprar um título de capitalização para oferecer "reciprocidade" ao banco. "Os títulos de capitalização são a pior besteira que você pode fazer com seu dinheiro", diz o professor Rafael Paschoarelli . A capitalização mistura poupança com loteria em que o investidor tem a chance de ganhar prêmios em dinheiro sorteados entre os clientes. "A capitalização é um investimento ruim e um jogo ineficiente, pois quem administra essa loteria cobra caro", afirma Paschoarelli. "É melhor arriscar na Megasena."