quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Manual de Introdução ao empréstimo Peer-to-Peer (P2P)

Muitos de vocês já ouviram falar de empréstimo peer-to-peer através do site Fairplace. O site Fairplace começou em meados de 2010 e já atraiu mais de 2000 usuários. Os tomadores utilizam o site para refinanciar os juros elevados da dívida de cartão de crédito, de cheque especial, para reformar as suas casas, expandir seus negócios entre outros motivos. Os investidores são atraídos através dos rendimentos mais elevados do que normalmente estão disponíveis no mercado financeiro, tais como poupança, CDB ou fundos DI. Conheci alguns investidores que emprestam somente por gostarem de ajudar pessoas dignas que estão tentando restabelecer seu crédito. Eu comecei a investir em junho de 2010 e venho através deste divulgar os seguintes conselhos baseado em minha própria experiência, tentando auxiliar quem está pensando investir em empréstimo peer-to-peer.
 
1. Começe pequeno 
Tenha em mente que esses empréstimos não são garantidos é o modelo utilizado pelo Fairplace ainda pode ser motivo de questionamento perante os agentes governamentais. Outro problema é a questão da inadimplência dos tomadores, pois ainda é muito cedo para dizer como será a inadimplência ao longo da vida de um empréstimo de dois anos e como estas taxas de inadimplência se comportaram na indústria global de crédito. Dadas essas ressalvas, eu sugeriria uma alocação de um pequeno percentual de portfolio para essa classe de ativos.

2. Estabeleça uma política de investimento

Antes de iniciar a concessão de empréstimos, pense cuidadosamente em suas metas de investimento e a sua tolerância ao risco. Sua próxima tarefa é traduzir isso em uma política de investimento. Sua política de investimento é um conjunto de parâmetros concretos que determina quais os empréstimos que você compra e quais não comprarem. Por exemplo, você vai emprestar aos tomadores com alto risco de crédito (ratings B e C)? Qual é o máximo da relação parcela da dívida/rendimento que você vai considerar? Qual o rendimento mínimo do Tomador?

No Fairplace existem alguns relatórios de empréstimos que podem ser incorporadas à sua política de investimento. Usando o recurso de busca avançada, você pode filtrar o universo total de pedidos de empréstimo para apenas aqueles correspondentes aos seus critérios de empréstimo.

Sem uma política de investimento bem definida, a tendência é que os investidores persigam as taxas mais elevadas, pouco importando com as características dos tomadores, o resultado é que esses credores geralmente têm taxas de inadimplência mais elevada do que a média e o retorno dos investimentos inferiores à média.

3. Construa uma Carteira Diversificada

Assim como acontece com outras classes de ativo, você não pode comprometer muito o seu portfolio. Eu gosto de alocar meus empréstimos entre graus diferentes de crédito (AAA, A e alguns casos raros B), tamanhos de empréstimo, rendimento mensal e relação divida/rendimento. Sugiro que você espalhe seu investimento através de pelo menos 100 créditos e que você não permita que um único empréstimo represente mais de 5% da sua carteira global. Se os seus empréstimos são suficientemente diversificados, você estará em uma posição muito melhor para enfrentar a inadimplência.

4. Começe com pequenos empréstimos

Pessoalmente, eu realizo empréstimos fixos no valor de R$ 50,00 para os tomadores de rating A e B, e quando se trata de rating AAA, caso o risco de inadimplência for de 1,10% o valor emprestado será de R$ 75, 00, se o risco for de 0,70% o empréstimo será de R$ 100, 00, nunca mudo minha metodologia por melhor que possa parecer um empréstimo.

5. Desenvolva um modelo de taxas mínimas de juros

Como o Fairplace usa um sistema de leilão para calcular os juros, os Tomadores costumam colocar pedidos de empréstimo a uma taxa de juros pretendida, e você não deve entrar na onda desses pedidos e definir o que seria uma boa taxa para você e não para o tomador. Descobrir qual é uma taxa ideal de compra é o verdadeiro truque. Um dos maiores erros dos novos credores e efetuarem um lance com uma taxa muito baixa. Há uma abundância de outros pedidos de empréstimo para escolher, então não se preocupe se você perder alguns leilões. O importante é certificar-se que a taxa que você efetuou o lance em um empréstimo compensa adequadamente o risco do investimento.

Eu não vou colocar o meu sistema de licitação para você em detalhes, já que não existe uma maneira certa de fazer isso.
No entanto, vou lhe dar algumas dicas para usar como ponto de partida para criar o seu próprio.

Comece com a SELIC, a taxa amplamente utilizada no Brasil, que é de 10,75% a.ano momento da redação deste artigo. Essas obrigações do tesouro do Brasil são consideradas entre os investimentos mais seguros disponíveis, tanto que a taxa do Tesouro correspondente é muitas vezes chamado de “taxa livre de risco” na teoria de finanças aplicado ao nosso país.

Além da taxa livre de risco, devemos também ter em conta vários outros fatores, incluindo:
• Taxa cobrada pelo Fairplace – 2% dos recebimentos
• Prêmio Alocação – O que você terá que ganhar para correr o risco (ex: IGPM/IPCA)
• Risco de Default – probabilidade de inadimplência


A Fairplace cobra uma taxa anual para serviço de cada empréstimo. Atualmente, essa taxa e de 2% sobre o montante dos recebimentos. Como um investidor você vai querer repassar esse custo para o mutuário.

Os empréstimos podem ser pagos antecipadamente, o que significa que o mutuário pode pagar antecipadamente o empréstimo sem nenhuma penalidade.
 Além disso existe o custo de alocação de capital, uma vez que trata-se de um empréstimo diferenciado com riscos diferenciados. Eu aplico como metodologia a taxa do IGPM anual que me possibilita um ganho real acima da inflação.

Finalmente, uma vez que estes empréstimos não são garantidos, o risco de inadimplência deve ser uma parte importante na composição do valor de juros a ser cobrado. O site fornece ferramentas e estatísticas que você pode usar para medir o prêmio de risco de crédito para as classes diferentes.

taxa de juro credor = taxa livre de risco + taxa fairplace + prêmio alocação+ prêmio inadimplência

Taxa livre de risco (SELIC)=               10,75%
Taxa Fairplace=                                  2,00%
Premio de Alocação=                          5,35% (IGPM anual)
Prêmio de Inadimplência=                   9,80%  (rating A)
TOTAL=                                           27,90% (prêmio mínimo exigido de rating A)