quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Site inovador ajuda investidores a emprestar dinheiro

Atualmente, cerca de 40% dos que tomam empréstimos pelo site são da classe C e 22% da classe D, sendo que os investidores estão nas classes A e B
Após ter conhecido, em 2008, um site de empréstimos pessoais voltado para americanos, o economista paulista Eldes Mattiuzzo resolveu dar uma guinada de 180 graus em sua vida. Em março de 2009, deixou o emprego de 15 anos em um dos maiores bancos do país, para empreender um negócio próprio e inovador no Brasil: criar o primeiro site de empréstimos entre pessoas para brasileiros, chamado Fairplace.

Mattiuzzo gastou o ano de 2009 e o início de 2010 para desenvolver o projeto, focado no microcrédito, com empréstimos de até R$ 5 mil. Para criar a plataforma eletrônica, investimento inicial de R$ 1,1 milhão, foi atrás do Centro de Incubador de Empresas Tecnológicas (Cietec) da USP, para aprender mais sobre o processo de desenvolvimento de uma nova empresa e aprimorar a estratégia de marketing. Também se associou a outros três empreendedores: Mattiuzzo ficou com 55% do negócio, e cada um dos seus sócios, com 15%.

O Fairplace busca unir duas pontas. De um lado, procura investidores que desejam emprestar dinheiro. Do outro, procura interessados em obter crédito em melhores condições que as ofertadas pelo mercado. Oferece dois grandes atrativos para os emprestadores: o primeiro é o retorno, um empréstimo de risco médio rende de retorno 2,78% ao mês a quem deu o dinheiro - quase quatro vezes mais do que o rendimento da renda fixa. O segundo atrativo é que o investidor pode avaliar o perfil de quem está necessitando de dinheiro. "A maioria dos investidores tem um lado rentista, mas olha com muita atenção esse lado social. Ele vê se a pessoa está precisando do dinheiro para comprar livros, para entrar numa faculdade", diz.

Com as pontas amarradas, o Fairplace chegou à internet em abril deste ano, tornando-se o primeiro site do gênero na América Latina. Os primeiros três meses do negócio estão bem acima do previsto inicialmente no plano de negócios. "Temos 10 mil usuários cadastrados, 2,3 mil investidores e mais de R$ 1,2 milhão em empréstimos feitos", afirma Mattiuzzo.

A expansão não deve parar por aí. Hoje, com os quatro sócios, trabalham outras seis pessoas na Fairplace. A expectativa é de que esse número cresça. "Já estamos em processo de contratação. Até o fim de 2010, seremos 15 pessoas", afirma. De abril deste ano até abril de 2011, a previsão é de que o site tenha 30 mil usuários cadastrados e um volume de empréstimos de R$ 5 milhões.

Atualmente, cerca de 40% dos que tomam empréstimos pelo site são da classe C e 22% da classe D, sendo que os investidores estão nas classes A e B. Cerca de metade dos que obtêm dinheiro pelo site buscam crédito para renegociar dívidas, principalmente de cartão de crédito. Há muitos finaciamentos para abrir um negócio próprio ou para ampliar estoque de produtos.

Nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia, essas comunidades de crédito pessoal pela internet estão ganhando espaço como opção para obter dinheiro em um momento em que grandes bancos dos países desenvolvidos passam por dificuldades. Consultorias internacionais estimam que, no mundo, esse sites de crédito pessoal movimentam mais de US$ 650 milhões, uma cifra bastante considerável.