segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Para Debate: Pode os dados das redes sociais serem usados para reduzir os riscos dos empréstimos P2P?

O empréstimo P2P é em grande parte anônimo e inseguro. Para fazer com que os riscos de crédito sejam aceitáveis para o credor, os serviços de empréstimos p2p tiveram de implementar modelos e informações para auxiliarem os credores na tomada de decisão ao avaliarem a dimensão do risco de inadimplência.

O cálculo da estimativa do nível de risco não poderia vir da própria plataforma da empresa, tendo em vista que a mesma não tem antecedentes históricos e não poderia construir um modelo que "calcula" o nível de risco envolvido para o investidor. A conseqüência foi unânime em quase todas as empresas de empréstimo p2p, sendo estabelecido que terceiros seriam os fornecedores de dados histórico de crédito e pontuação de crédito. A Prosper, por exemplo, utilizam os dados Experian para mensurar a inadimplência prevista em função da classe de crédito. O site brasileiro Fairplace utiliza os serviços da Serasa Experian para fornecer aos investidores a inadimplência prevista para aquele tomador.

Ao longo do tempo tornou-se óbvio que o nível de inadimplência real na Prosper eram muito superiores aos níveis de padrão esperado, com base em dados Experian. Nós realmente não precisamos discutir aqui o que levou a isso (seja o desenvolvimento financeiro da economia, seja ele de que o empréstimo p2p atraiu os piores tomadores impactando negativamente o resultado esperado), mas o resultado foi que desde que os padrões eram muito superiores ao resultado esperado, o retorno esperado do investidor foi muito menor do que o esperado no momento do investimento. O mesmo resultado ainda não foi comprovado no Fairplace, pois a duração dos empréstimo vigentes ainda não nos permite uma avaliação perfeita das pontuações oferecidas pela empresa.

E isso não é específico da empresa Prosper. Vários outros serviços de empréstimo p2p mostram sinais claros de que os níveis de inadimplência vão superar os percentuais de inadimplência publicado inicialmente como esperado com base em dados externos.

O site Boober falhou devido a níveis de inadimplência, o MYC4, o Smava e o Schufa também estão sendo duramente penalizados pela inadimplência, a única exceção à regra é o Zopa do Reino Unido, que com sucesso consegue manter os padrões de inadimplência baixo.

Mas o que mais pode ser feito para melhorar a análise de crédito de um tomador? Obviamente uma avaliação mais rigorosa dos serviços de informação de crédito e das empresas de empréstimo p2p.
Exemplo: A Fairplace poderia ser mais rigorosa nas análises documentais e cadastrais, proibindo, por exemplo, um usuário de ser credor e devedor ao mesmo tempo, pois hipoteticamente falando o risco dele será maior que o apontado pela nota inicial fornecida pelo Serasa. Caso não haja essa proibição, impor a obrigatoriedade de informar que se trata de credor e tomador simultâneo.

Quando a Prosper começou, introduziu grupos de empréstimos - com base no pressuposto de que as relações desses grupos acrescentariam responsabilidade social para pagar o empréstimo. Um conceito que funciona bem em microfinanças, mas falhou na Prosper. Os grupos formados, raramente tinham laços entre os membros. Devido ao anonimato, não-contribuintes não precisavam temer a pressão social em caso de não pagamento. E a Prosper deu incentivos errados pagando grupo de líderes para recrutar novos mutuários.

Uma idéia interessante seria utilizar os dados das redes sociais como o LinkedIn ou Facebook. Essas redes crescem a uma taxa exponencial. Quase todos os usuários são membros em pelo menos uma, por exemplo, atualmente tenho vários contatos no Facebook, minha rede social mais usada.

Mas você deve estar perguntando, o que eu sei ou poderia saber, através da rede social sobre esses contatos (tomadores), que poderiam ser úteis na concessão de empréstimos p2p (da perspectiva de um credor):

* A sua situação financeira atual? talvez
* O seu nível de renda? talvez
* A situação de emprego e a empresa em que trabalham? Na maioria dos casos, sim
* Sua história de trabalho de educação e de passado? Em muitos casos, sim
* Posso avaliar se eles fizeram honrar seus acordos financeiros no passado? Somente em casos raros, onde tenho uma relação comercial há muito tempo e a pessoa é um empreendedor
* Posso dizer que estou convencido de que iria reembolsar um empréstimo, ou pelo menos fazer tudo o possível? Em alguns casos
• E em um nível mais emocional, que se resumiria a: Eu posso confiar neles?

Após o login, as redes sociais, não só me mostra quantos contatos diretos que tenho, mas também mostra o número de conexões de segundo e terceiro nível.

Para essas conexões de segundo e terceiro nível minhas respostas às perguntas acima não são respondidas nem de perto, pois sequer conheço a maioria deles.

Então, como poderia um serviço de empréstimo p2p fazer uso de dados de redes sociais e laços de rede social? Para o bem do debate, eu imagino o seguinte modelo:

TOMADORES: Primeiro o tomador precisaria estar pronto para renunciar ao anonimato nos seus pedidos de empréstimo. Isto gera um risco para o tomador. Mas lembre-se que os riscos incorridos pelo investidor são muito maiores, conforma descrito anteriormente.

Na verdade, tenho observado muitas listas, onde os mutuários voluntariamente divulgam a sua identidade. Não dando o seu endereço ou número de telefone, mas sim pela divulgação de informações como o nome, o site da empresa em que trabalha ou é proprietário ou através da indicação do seu endereço na rede social, o que faz com que a sua identidade seja de fácil acesso para a pesquisa. Existem muitos devedores na Fairplace utilizando fotos pessoais. Listas de devedores que divulgam informações pessoais são muito mais atraentes para os credores, do que aqueles que não fornecem informações pessoais.

Então vamos supor que existe um pequeno número de mutuários que estão dispostos a renunciar totalmente ao anonimato nas suas redes sociais. Para eles, uma benefício extra adicional durante o leilão poderia ser oferecido, como por exemplo, um teto máximo inferior de cobrança de juros, ao invés de 4,99% seria de 3,75%. Ou, uma cobrança percentual menor das taxas cobradas pelo Fairplace do tomador.

E quanto à privacidade dos dados? As conexões de rede social e os dados dos perfis são públicos de qualquer maneira, quando não são, os tomadores deverão liberar o acesso aos credores irrestritamente. A informação nova é a divulgação do processo. O impacto é diferente se o C foi perguntado "Você acha que A é confiável financeiramente" em relação “Você acha que ele pode pagar isso?”.

Será que os serviços de empréstimo p2p prosseguirão por esse caminho? Eu não sei. Será que isso funciona? Eu não sei. Poderia ser manipulado, se implementado como sugerido acima? Claro que sim. Eu acho que seria transparente? Não.

Mas eu sinto que todo o serviço de empréstimo p2p que conseguir adicionar um adicional, um item adicional de "confiança" não derivado de pontuação de crédito ou histórico de crédito, mas sim com base em conexões sociais, terá uma vantagem competitiva e poderá diminuir os riscos nas transações, gerando uma perpetuidade de negociações. O grande problema gerado por este sistema de empréstimos tem sido a inadimplência, nada melhor que estudar e conjuntamente achar uma solução razoável.

Se for factível sem renunciar ao anonimato do mutuário - melhor ainda. Então eu convido você para compartilhar suas idéias e opiniões sobre se e como os serviços de empréstimo p2p poderiam fazer uso de dados da rede social, voce podera se manifestar aqui ou no fórum do Diego Venâncio.